"-Quanto mais afunda a raiz da planta na terra, mais custa arrancá-la. Cada passo de Iracema no caminho da partida é uma raiz que lança no coração de seu hóspede.
-Iracema quer te acompanhar até onde acabam os campos dos tabajaras, para voltar com o sossego em seu coração.
Martim não respondeu. Continuaram a caminhar, e com eles caminhava a noite; as estrelas desmaiaram, e a frescura da alvorada alegrou a floresta. As roupas da manhã, alvas como o algodão, aparecera no céu.
Poti olhou a mata e parou. Martim compreendeu e disse a Iracema:
-Teu hóspede já não pisa nos campos dos tabajaras. É o instante de separar-te dele."
(Iracema, José de Alencar, página 69)
Na aula, falamos muito desta passagem e particularmente como se aplica ao personagem Martim. Olhando novamente, esta citação diz muito mais a respeito de Iracema do que de Martim. Com Iracema ou não, Martim vai continuar dando passos no novo mundo, mas Iracema somente está plantando novas raízes por sua causa. Quando chegam ao limite da terra tabajara, é literalmente o fim do universo para Iracema. Ela entra na desconhecida, com o guerreiro branco como sua única luz para iluminar o caminho. Martim não reconhece o grande sacrifício dela. Ele não mostra nenhuma emoção. Isto é uma ilusão ao que vai acontecer entre eles em maior escala depois. Iracema continuará a deixar tudo que ela conhece por ele, enquanto ele simplesmente volta a coisas já conhecidas, pelas quais tem saudade. São os primeiros exemplos da falta de igualdade e ternura no relacionamento dos dois. Como extensão da metáfora, é uma demonstração de como Brasil era uma grande latifúndio em relação a Portugal e a Europa inteira.
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