Thursday, January 13, 2011

Sabiá de Tom Jobim e Chico Buarque

"Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir cantar
Uma sabiá

Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Vou deitar à sombra
De um palmeira
Que já não há
E algum amor Talvez possa espantar
As noites que eu não queira
E anunciar o dia"
                               - de Sabiá por Tom Jobim e Chico Buarque

A gente sempre sente saudade das coisas e começa a romantizá-las.  Há duas formas de romantização; primeiro, a pessoa quer que as coisas voltem a ser como já foram, e segundo, a pessoa deseja passar pelas mesmas experiências com emoções e resultados semelhantes aos do passado, mas agora muito tempo depois.  Este poema ilustra como que uma pessoa tenta se convencer do segundo tipo de saudade. A voz poética diz "o meu lugar foi lá e é ainda lá", mas só porque algo já foi não garante que continue sendo.  A repetição de "vou" e "sei que ainda vou" retrata a falta de confidência que a voz poética tem em suas próprias convicções, assim como a frase "de um palmeira que já não há".  Este poema serve como uma reflexão do desejo impossível da saudade de recriar o passado.

1 comment:

  1. Oi Russ,

    Eu também gosto muito desta música de Chico Buarque e Tom Jobim. Toda vez que eu a ouço, eu penso nos anos difíceis da ditadura militar e ao mesmo tempo a grande fé e esperança dos artistas e escritores que enfrentaram o regime militar.

    Para responder a sua postagem, não sei se estou convencido por seu argumento de que a repetição de "vou voltar" exprime uma "falta de confidência [sic] [acho que quer dizer confiança]". N minha leitura eu chego aliás a uma conclusão oposta—que esta música (embora melancólica) exprime a ideia de uma fé no possível retorno futuro ao país.

    Bom—vamos continuar com a conversa e as leituras.

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