Wednesday, February 23, 2011

A Definição Percebida e Irreal

"Menino perdido, menino de engenho."

-Menino de Engenho de José Lins do Rego página 141 capítulo 40

            Estas são as últimas palavras do narrador no romance.  O narrador se identifica como menino do engenho, mas ele está a caminho à escola.  Então não morará mais no engenho.  Também, não nasceu do engenho, os pais não moram no engenho e nem tem laços afetivos como os parentes no engenho.  Em adição, ele não é igual aos outros moleques do engenho; ele não é filho de ex-escravos, não é trabalhador do engenho, não tem responsabilidades no engenho e não responde pelos pecados e maldades feitos no engenho.  O narrador Carlinhos não é um menino do engenho.  Porém, ele idealiza a sociedade dos negros no engenho e quer fazer parte desta hierarquia, sem entender de verdade como se funciona.  O narrador sempre se achou solitário no engenho, e ao refletir no seu estado de conhecimento sexual ele chega à conclusão de que está perdido.  Ele conclui que como os meninos do engenho também lhe parecem perdidos, ele é faz parte deste círculo social.  Na verdade, ele simplesmente quer se encaixar num grupo.  A auto-definição do narrador é uma reflexão da atitude da classe média e alta.  Eles se identificavam com o grupo marginalizado dos ex-escravos, mas na realidade são muito diferentes.

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