Thursday, February 10, 2011

A Morte Intempestiva do Brasil

"Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
              Ao passo que nós
              O que fazemos
              É macaquear
              A sintaxe lusíada
 A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
 Terras que não sabia onde ficavam


Recife...
                  Rua da União...
                                               A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade


Recife...
                Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro como a casa de meu avô."


-do poema Evocação do Recife de Manuel Bandeira


    Durante este poema, o poeta está se lembrando da juventude ao crescer em Recife.  É saudade de uma época paradisíaca, não uma época sem tristeza, mas uma época de identidade para o Recife.  Ao descrever a influência e imitação "lusíada" entre a sociedade, o poeta faz comparações com a morte.  Ele escreve, Foi há muito tempo... A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros".  Antes de "macaquear" a cultura europeia, a vida estava com ele, mas agora é uma coisa distante, vai e vem, e Recife, bom e brasileiro, morreu.  Este poema é uma crítica da obsessão com Portugal, e por extensão, a Europa e outros países em geral.  Recife, representando o Brasil, não ganha em virar a olhar fora, mas só progride com olhos fitos ao povo, com a "língua errada" e "fala gostoso".

1 comment:

  1. Eu também adoro esta poesia. Uma frase preferida: "a língua errada do povo / Língua certa do povo"

    Obrigado pela postagem.

    abraços

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