"Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro como a casa de meu avô."
-do poema Evocação do Recife de Manuel Bandeira
Durante este poema, o poeta está se lembrando da juventude ao crescer em Recife. É saudade de uma época paradisíaca, não uma época sem tristeza, mas uma época de identidade para o Recife. Ao descrever a influência e imitação "lusíada" entre a sociedade, o poeta faz comparações com a morte. Ele escreve, Foi há muito tempo... A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros". Antes de "macaquear" a cultura europeia, a vida estava com ele, mas agora é uma coisa distante, vai e vem, e Recife, bom e brasileiro, morreu. Este poema é uma crítica da obsessão com Portugal, e por extensão, a Europa e outros países em geral. Recife, representando o Brasil, não ganha em virar a olhar fora, mas só progride com olhos fitos ao povo, com a "língua errada" e "fala gostoso".
Eu também adoro esta poesia. Uma frase preferida: "a língua errada do povo / Língua certa do povo"
ReplyDeleteObrigado pela postagem.
abraços